Gávea Angels reúne investidores e empreendedores no 37º Fórum de associados

Grupo de investidores anjos divulgou também a abertura para participação de apoiadores em 2017

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Aos 14 anos de atuação, o Gávea Angels possui em seu portfolio mais de 700 startups avaliadas, com 18 investimentos realizados, totalizando 15 milhões investidos (follow-on). Nesta sexta, dia 2, grupo realizou o 37º Fórum de associados, no Novotel em Botafogo, no Rio de Janeiro.

Durante a abertura do evento, a presidente do grupo Camila Farani (foto em destaque), que integra o time de investidores do programa Shark Tank Brasil, exibido no Canal Sony, destacou o aumento de 110% do número de associados, somando um total de 60 investidores. Em seguida, anunciou a abertura para novos negócios com apoiadores em 2017.

“Um dos objetivos para o próximo ano é fomentarmos cada vez mais ações que gerem a melhor qualificação dos investidores, com informações úteis que os apoiem na tomada de decisão na hora de investir”, afirmou Camila.

PITCHES

Além de ficar a par das novidades do Gávea Angels, os associados e convidados assistiram a três pitches apresentados pelas startups AdFácil, uma plataforma para criação de campanhas de marketing digital; Mercatório, uma bolsa de valores de precatórios, e Agroanalytics, um sistema de mapeamento de clima por áreas específicas.

A qualificação de investidores foi também um dos objetivos do encontro, que contou com especialistas para apresentar práticas valiosas para quem atua no mercado de investimentos anjos.

LEI COMPLEMENTAR 155/2016

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Rodrigo Menezes: esta é a primeira lei que reconhece o investidor anjo


A primeira apresentação foi conduzida por Rodrigo Menezes, sócio fundador do escritório Derraik & Menezes, um dos apoiadores do Gávea Angels. O advogado falou da Lei Complementar 155/2016, cujos artigos Artigos 61-A, B, C, D tratam sobre investimento anjo.

A primeira apresentação foi conduzida por Rodrigo Menezes, sócio fundador do escritório Derraik & Menezes, um dos apoiadores do Gávea Angels. O advogado falou da Lei Complementar 155/2016, cujos artigos Artigos 61-A, B, C, D tratam sobre investimento anjo.

Apesar de ter alguns pontos negativos e um tanto controversos, esta é a primeira lei que reconhece a figura do investidor anjo. Uma das vantagens, segundo Rodrigo, é que o investidor estará protegido de eventuais passivos que a empresa possa apresentar.

“Graças ao contrato de participação, o investidor tem uma blindagem sobre qualquer passivo da companhia e não teria que por exemplo pagar ações trabalhistas. A lei diz que esse tipo de investimento não é um capital social, portanto, enquanto estou no contrato de participação, não sou responsável fiscal”, explicou.

Outro benefício é que a lei determina também que o investimento anjo não provocará mais o desenquadramento da empresa do SIMPLES.

Entre os pontos negativos, Rodrigo citou a limitação para a saída do investidor em até cinco anos. “O contrato de participação pode ser realizado com o prazo de até sete anos e não entendemos porquê a senadora Martha Suplicy incluiu este prazo. Nem sempre esse é o momento de fazer a retirada. Pode gerar insegurança jurídica”, observou.

Por último, Rodrigo anunciou que o Derraik & Menezes fará um trabalho junto às escolas de Direito do Trabalho para tratar as discussões sobre jurisprudência para os investidores anjos ainda na formação dos juízes.

Ouça a entrevista abaixo com Rodrigo Menezes, que fala da importância do fórum para os investidores e da sua parceria com o Gávea Angels. 

 

QUALIFICAÇÃO DE INVESTIDORES ANJOS

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Edson Rigonatti: investir em empreendedor que não tem dez mil horas não vai dar retorno

A decisão de investir ou não em uma empresa é realizada pelos investidores com base em muitos fatores, que variam de acordo com o estágio em que a empresa se encontra, o mercado de atuação, time, faturamento, entre outros. E nem sempre os anjos acertam, o que faz parte do risco do negócio. Mas há algumas métricas e padrões que já podem ser considerados para evitar armadilhas na hora de fazer um investimento.

Na palestra “Exits no Brasil: um panorama do investimento de risco”, apresentada por Edson Rigonatti, sócio da Astella Investimento, que serve nos conselhos da Omie, Resultados Digitais, LojasKD, Itaro, Smartbill, Clicksign e NeoAssist, os investidores tiveram orientações importantes sobre como evitar erros de avaliação.

Edson Rigonatti iniciou sua palestra indicando os mercados de TI e Tecnologia como os que estão em alta para investir e fez um comparativo para falar da evolução do modelo mental de investimento anjo no mundo, que já não é mais do de Newton, mas de Einstein. “Vivemos num mundo de curva exponencial e a taxa de graduação é quase universal, vale para todo mundo”.

As dificuldades para que uma startup chegue ao “topo da montanha”, segundo Edson, é muito grande. Ele citou como exemplo os Estados Unidos, onde já existe uma longa experiência com empreendedorismo, e que ainda assim, a cada mil empresas investidas, apenas 100 chegam à série A.

“É preciso que o investidor enxergue um padrão nos casos de sucesso para que evite perdas. Experiência é o principal ingrediente. Investir em empreendedor que não tem dez mil horas não vai dar retorno. E quem já tem as dez mil horas quer aprender mais. O empreendedor tem que ter essa fome”, disse.

SEM FÓRMULAS

Segundo Edson Rigonatti, apesar de não haver fórmulas para o sucesso nos investimentos, há padrões muito claros e é preciso que o investidor saiba entender qual a montanha o empreendedor está escalando e escolher a batalha certa, identificar se é o momento de lançar o produto, criar foco, regular a expectativa e otimismo exagerados e ajudar o empreendedor a orçar. O mais importante, definir a função e participação de cada sócio. “Uma a cada quatro empresas fecha por problemas societários. Se houver rigidez societária, não entre!”, alertou.

Para o palestrante, cabe ao investidor fazer o empreendedor entender que o jogo é multifases.  “A gente tem que se desenhar para passar por cada etapa. Ensinar a pensar nesses estágios é fundamental”, indica.
Saber diferenciar também o momento de ser um seed ou investidor anjo é fundamental para quem deseja fazer investimentos, assim como entender se a empresa é um SaaS (Software as a Service), market place ou e-commerce.

“A Resultados Digitais (RD) e Enjoei são algumas das empresas que estão provando que é possível fazer escala. Acho que vai ter uma fase muito boa para empresas que vendem direto para o consumidor. Crescer hoje com uma empresa é mais uma questão sociológica do que tecnológica”, disse.

Por fim, o palestrante afirmou que 90% dos conselhos dos investidores estão errados e que aprender é fundamental para o progresso das startups.

“Os estágios estão cada vez mais delineados. A única coisa que posso fazer como treinador é treinar a minha equipe”, disse.

Na entrevista abaixo, Edson Rigonatti fala da importância de uniformizar a cadeia produtiva dos investidores.

 

COMO IDENTIFICAR SE REALMENTE VALE INVESTIR?

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Pedro Waengertner: “avalie o time!”

Pedro Waengertner, co-fundador da ACE, uma das parceiras do Gávea Angels, abordou o tema “Quais as métricas essenciais que os anjos devem avaliar?”. O palestrante apontou que um dos maiores erros dos investidores é achar que como já são empreendedores, sabem avaliar a startup. Um deles é se pautar somente pelos pitches.

“Prefiro fazer uma entrevista com o empreendedor. É preciso ver o produto, valores, planilhas, lista de clientes. Às vezes, a pessoa tem uma boa ideia, mas não sabe se vender. E dependendo também do estágio da startup, vou avaliar diversos fatores até porque nem sempre o futuramento diz que ela é boa para investir”, indica.

Para Pedro, a métrica de futuramento é ilusória. Se a métrica principal da empresa está aumentando, é um negócio para investir. Mas é importante entender qual é a métrica principal. Pode ser serviços realizados, MRR (Monthly Recurring Revenue), usuários ativos na plataforma, como é o caso do Facebook, entre outros.

Ao falar das quatro fases de uma startup, que são a ideação, validação, crescimento e escala, Pedro lembrou de importantes fatores que devem ser avaliados. “Na fase de ideação, não invisto, só  acompanho”, diz.

A fase de validação é o momento em que o investidor deve medir qual o empenho do empreendedor no produto, a visão e tese que ele tem do produto, qual o conhecimento que ele tem sobre o mercado em que está atuando, análise dos concorrentes e as referências de todos os sócios e papéis de cada um.

Na fase de crescimento, é importante avaliar o feedback dos clientes para saber o que aconteceria se essa empresa deixasse de existir amanhã. “A gente tende a despersonalizar o cliente, tornando-o um mero usuário, mas é ele quem ama o seu produto”.

Outro fator a ser considerado é o raciocínio do empreendedor segundo a modelagem financeira, se ele tem a real compreensão do que é o seu negócio e as competências que tem para gerir.

“Muita gente pensa que a empresa é de tecnologia, e ela é puramente de marketing. Alguns vêm e dizem para mim que vão ao Vale do Silício e eu digo: ‘não, no seu caso, você tem que ir para Los Angeles, para entender como as grandes agências de marketing estão operando’. Aliás, o marketing deveria ser a  mola propulsora no Brasil”, observa Pedro, que deixou também mais uma dica para os investidores: “Se falta uma competência core (chave), não invista!”.

Já na escala, é preciso avaliar o CAC (Custo de Aquisição de Cliente), a gestão de marketing e vendas e de produto. O palestrante lembrou também que a relação entre o CAC e o LTV (Life Time Value) é muito complexa. “Para mim, o mais importante é o empreendedor saber o que é o seu negócio e como gerir. Geralmente, os empreendedores erram o LTV para baixo”, disse.

Entre tantas dicas, fica a mais importante avaliação que o investidor deve fazer sobre a empresa que deseja entrar. Segundo Pedro, “time, time e time!” E não dá para identificar pelo brilho no olho, mas através de muitas entrevistas, convivência e troca de conhecimento.

 

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